História
Quando chegaram os primeiros conquistadores espanhóis, já existia no Peru uma civilização muito adiantada. O país era habitado por chinchas, quéchuas e huancas. A primeira monarquia peruana se estabeleceu no século XI com Manco Cápac, fundador do Império Inca, cuja capital foi Cuzco. Esse império chegou a ser muito poderoso e alcançou um alto grau de cultura, mas já tinha iniciado sua decadência depois do reinando de Huaina Cápac (morto em 1525), quando os espanhóis desembarcaram em Tumbes com Pizarro em 1527.
O reinato do Peru, organizado por Francisco de Toledo em meados do século XVI, converteu-se durante os seguintes 200 anos na principal fonte de riqueza para Espanha graças, entre outras coisas, às minas de prata de Potosí.
1810-1824 A INDEPENDÊNCIA
Peru foi o principal bastão do poder espanhol durante o processo de independência das colônias americanas, devido a que do *virrey Abascal à frente do governo de Lima conseguiu acabar com as tentativas independentista de Equador, o Alto Peru e Chile, bem como conter ao sul da atual Bolívia aos exércitos revolucionários enviados desde Buenos Aires.
Mas a marcha de Abascal, unida aos conflitos internos desatados a raiz da implementação das reformas liberais em Espanha e a ofensiva do general San Martín desde Chile desgastaram o poder espanhol. Depois de um breve encontro em Guayaquil San Martín se retira a Buenos Aires e Simón Bolívar finaliza sua campanha militar com a batalha de Ayacucho (1824) que pôs ponto final ao domínio espanhol em Sudamérica.
1824-1844 O PERÍODO DA ANARQUÍA
Os confrontos regionais e entre caudilhos não permitiram a constituição de um poder central forte que unificasse ao país. As guerras civis se sucederam e inclusive Peru foi invadido pelo presidente Boliviano, Andrés de Santa Cruz, que integrou a Peru numa Confederação Peruano-Boliviana (1836-1839) dissolvida depois da guerra com Chile.
1844-1879 A ÉPOCA DO GUANO
(Excremento de aves marinhas que se encontra acumulada em grande quantidades nas costas peruanas)
Esse período de instabilidade chegou a seu fim quando surgiu a figura de do general Ramón Castilla, quem dominou a política peruana entre 1844 e a década dos anos 60. Ao descobrir-se os jazigos de guano a economia peruana se transformou e este produto se converteu na principal riqueza exportável do Peru. Os rendimentos procedentes do guano possibilitaram a construção de uma maquinaria política ao serviço de Castilla que deu estabilidade ao regime.
A morte de Castilla, o esgotamento dos jazigos de guano e os excessivos gastos do Estado conduziram à bancarrota, pese às tentativas reformistas implementados pela elite durante a presidência de Manuel Pardo (1872-1876).
A guerra do Pacífico contra Chile (1879-1883) evidenciou a profunda crise pela que atravessava o país: as tropas chilenas ocuparam Lima e Peru deveu ceder as províncias de Tacna, que depois recuperaria, e Arica, de maneira definitiva.
1884-1895 O CACERISMO
Uno dos heróis militares da guerra contra Chile, o general Andrés Avelino Cáceres se fez com o poder e durante uma década instaurou um regime autoritário sob o qual o país se foi recobrando da derrota sofrida e pondo as bases para a recuperação econômica.
1895-1919 A REPÚBLICA ARISTOCRÁTICA
Depois de uma breve guerra civil, os partidos Civil e Democrático expulsaram a Cáceres e instauraram um regime liberal sob o qual a elite civil assumiu o controle político. Baseado numa economia agro-exportadora e na alternância pacífica entre partidos, Peru viveu um período de grande estabilidade.
1919-1930 O REGIME DE LEGUÍA
As divisões internas na elite e os confrontos entre os partidos propiciaram o surgimento da figura de Augusto B. *Leguía, quem estabeleceu um regime de corte autoritário que se sustentou graças ao auge econômico dos anos 20. Neste período nasce o primeiro partido de massas da história do Peru, o APRA (Aliança Popular Revolucionária Americana), de corte reformista, socialista e indianista, fundado e dirigido por Víctor Raúl Tenha da Torre.
1930-1980 ANOS DE INSTABILIDADE POLÍTICA
Durante esses 50 anos se sucederam regimes civis e militares que não conseguiram dar continuidade institucional ao sistema político peruano. As ditaduras de corte corporativista de Luis Sánchez Cerro (1930-1933) e a conservadora de Óscar Benavides (1934-1939) foram seguidas por períodos de maior abertura: as presidências de Manuel Pardo (1939-1945) e de J.L. Bustamante (1945-1948).
O APRA, derrotado eleitoralmente promoveu uma insurreição armada em 1932 que foi violentamente reprimida. Estes fatos determinaram o veto do exército, que excluiu ao APRA do governo durante décadas, criando um clima de instabilidade política que desembocou na ditadura do general Manuel Odría com quem a direita atingiu em 1948 o poder que lhe negavam os eleitores.
Os fracassos reformistas experimentados durante as presidências de Manuel Prado e Fernando Belaunde Terry nos ano sessenta conduziu à instauração do regime militar encabeçado por Juan Velasco *Alvarado de tendência esquerdista que acentuou o intervencionismo estatal.
1980-2005 O PERÍODO DEMOCRÁTICO
O fracasso econômico da ditadura e o desgaste ao que se viu submetida deram passo à transição para a democracia que encarnou Fernando Belaunde Terry (1980-1985). Seu governo padeceu a forte atividade guerrilheira do grupo Sendero Luminoso, que progressivamente foi aumentando suas ações, sobretudo durante o período presidencial de Alan García (1985-1990) quem, ademais, teve do que defrontar a uma profunda crise econômica devida a um processo inflacionário.
Seu sucessor, Alberto Fujimori, conseguiu conter a crise econômica com um conjunto de medidas de corte neoliberal e conseguiu a detenção do líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzmán. Apoiado nestes sucesso deu um autogolpe de estado em 1993 e estabeleceu um governo de corte autoritário apoiado nas Forças Armadas e no aparelho de inteligência dirigido por Vladimiro Montesinos.
A corrupção e fraude conduziram a sua queda no meio de grandes protestos depois da tentativa de conseguir uma segunda reeleição por meios fraudulentos. Depois de um período de transição encabeçado por Valentín Paniagua (2000-2001), celebraram-se eleições democráticas, resultando eleito presidente uno dos lideres que dirigiu a oposição a Fujimori, Alejandro Toledo para o período compreendido entre 2001 e 2006.